Nome Completo: Cristiano Mourão Barroso
Mini-curriculo: Graduação em fisioterapia:
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Pós-Graduação em Fisioterapia em Oncologia: Faculdade de Ciências da
Saúde de São Paulo - FACIS-SP
Especialista em Fisioterapia em Oncologia (Certame ABFO-COFFITO
2014)
Trabalho: Consultório Cristiano Mourão Barroso -
Fisioterapia em Oncologia
Avenida Afonso Pena, 3924 -
sala 201 - Bairro: Cruzeiro - BH
Este
é o quarto ano que o evento acontece no país e BH já sedia um evento. Qual a
importância de BH nesse cenário na área de fisioterapia em oncologia?
A fisioterapia em oncologia
é uma especialidade muito nova, reconhecida pelo COFFITO em uma resolução de
maio de 2009. Desde então a Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia
(ABFO) esteve envolvida na organização do Congresso Brasileiro de Fisioterapia
em Oncologia. Os três primeiros foram realizados em Porto Alegre, Goiânia e
Campina Grande, mas agora chegou o momento de mostrar ao Brasil o que Minas
Gerais tem produzido na sua capital e nos hospitais que são referência nos
interiores. Tive a oportunidade de trabalhar durante 6 anos em uma concisa e
capacitada equipe multidisciplinar em oncologia, do Hospital Mater Dei, cujo
coordenador da fisioterapia é o Dr Nazir Felippe Gomes. Nesse período pude
perceber o quanto o profissional da fisioterapia é importante no contexto do
tratamento oncológico, e o grande número de profissionais envolvidos nessa área
que temos espalhados por Minas Gerais. Sendo assim, quando convidado a presidir
o IV Congresso Brasileiro de Fisioterapia em Oncologia, fiquei muito satisfeito
com a possibilidade que surgia de debatermos sobre o trabalho que estamos
desempenhando e os desafios que enfrentamos diariamente, conectando assim
profissionais de todo o país. Estarão presentes, além de participantes do Chile
e de várias regiões do país (norte, nordeste, sul, centro-oeste e sudeste),
representantes de vários serviços da capital e de cidades do interior de Minas,
como Muriaé, Ipatinga, Poços de Caldas e Uberlândia. Nossa especialidade tem
crescido muito no Brasil e no mundo, e nesse ano, Belo Horizonte terá o grande
prazer de sediar o mais importante evento da fisioterapia em oncologia.
Como
é o trabalho dos fisioterapeutas desta área?
Tanto a doença como seu
tratamento podem trazer muitas complicações ao paciente com câncer. A cirurgia
realizada para retirar um tumor, acaba retirando margens sadias e agredindo
tecidos vizinhos podendo gerar sequelas. A radioterapia, também muito usada
para tratamento local da doença, causa muitas vezes fibroses, aderências,
edemas, encurtamentos musculares e outras alterações que repercutem
inclusive com redução de movimento. E quanto ao tratamento sistêmico, a
quimioterapia e hormonoterapia podem ter como efeitos colaterais
a fadiga, toxicidade cardíaca, neuropatia periférica, náusea,
vômito, osteoporese e outros. Tendo em vista essas possíveis alterações, o
fisioterapeuta especialista em oncologia tem recursos e técnicas específicas
para atuar em cada situação citada acima, com objetivo de
proporcionar ao paciente Funcionalidade e Qualidade de Vida, através da
restauração da função, prevenção e minimização das complicações . É preciso
fazer uma avaliação detalhada do estado geral do paciente, das suas condições
clínicas e das complicações que apresenta, para elaborar um plano de tratamento
individualizado e específico para as queixas que ele apresenta naquele momento.
Em relação ao tratamento cirúrgico, o atendimento fisioterapêutico pode se
iniciar no pré-operatório, quando conhecemos o indivíduo antes de apresentar
sintomas relacionados ao tratamento, no pós-operatório imediato, quando
cuidamos de complicações comuns até retirada de dreno e pontos e damos
orientações necessárias para auto cuidado e manejo da dor e desconfortos, ou no
pós-operatório tardio, quando geralmente o paciente apresenta complicações
instaladas. Durante a radioterapia e quimioterapia cuidamos das estruturas possivelmente
comprometidas, para manter funcionalidade, prevenir complicações ou
minimizá-las. Tratamos enfim, situações que vão desde o paciente que fica
curado através do procedimento cirúrgico, aos casos em que a doença demanda um
tratamento mais intensivo, mas ainda é reversível, e ás situações em que a
doença é irreversível e se faz necessário tomar medidas não para tratá-la, mas
para dar alivio da dor e qualidade de vida, buscando preservar a dignidade da
pessoa. Deveremos realizar reavaliações periódicas para acompanhar a
evolução de cada caso e rever as estratégias adotadas. É muito importante estar
inserido em uma equipe multidisciplinar com médicos, enfermeiros,
nutricionistas, psicólogos, representantes espirituais e quaisquer outros
profissionais que se fizerem necessários para tentarmos atingir realmente o
paciente em sua complexidade.
O
NTC oferece perucas para pacientes em tratamento. Como você avalia a
importância da autoestima para esses pacientes?
Nossa
mente é uma importante ferramenta que pode trabalhar a favor ou contra nós
mesmos. Se estamos de bem com a vida, com um bom estado de humor, fazendo
alguma atividade que nos gera prazer de alguma forma, certamente enfrentaremos
melhor as adversidades da vida. Mas se estamos deprimidos, angustiados,
desesperançosos, nos tornamos nosso primeiro inimigo, deprimimos nosso sistema
imunológico e abrimos portas para o aumento das dores e doenças. Portanto, como
negar que uma peruca em uma pessoa que está passando por um momento delicado,
de muitas incertezas e fragilidades, auxilia diretamente no tratamento da
doença? Aliás, a peruca não tem como objetivo principal tratar a doença, mas o
doente em toda sua complexidade de ser humano, que precisa por natureza de se
sentir bem, cuidado e bem inserido na sociedade. Para se sentir de bem com o
mundo, é preciso também se sentir bem consigo. Muitas pessoas têm dificuldade
em lidar com as mudanças na fisionomia e dizem não se sentir elas mesmas quando
perdem os cabelos; nesses casos, as perucas tornam-se essenciais, pois assumem
o incrível papel de devolver ao paciente a sua identidade.