Olá pessoal, tudo bem? Chegamos ao mês onde a importância da
prevenção contra o câncer de mama é maciçamente lembrada pela campanha “Outubro
Rosa”, seja através de reportagens na mídia ou de ações promovidas por órgãos
públicos, ONGs e hospitais que atendem mulheres com esta doença.
De acordo com o site do INCA (Instituto Nacional do Câncer), o
câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo, depois do
de pele não melanoma, respondendo por cerca de 28% dos novos casos a cada ano.
Para vocês terem uma ideia, esta doença, infelizmente, causou
a morte de mais de 14 mil mulheres em nosso país, só em 2016. Por isso, nunca é
pouco alertar sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce.
Quanto
mais cedo o diagnóstico de um câncer de mama, menos invasivo será o tratamento. Por outro lado, quanto mais duradouro o tratamento for,
mais impactos irá provocar na mulher, entre eles a perda de cabelos decorrente
da quimioterapia, capaz de abalar não só sua aparência como também, e
principalmente, a autoestima.
Laço cor de rosa
é símbolo da luta contra o câncer de mama
Digo isso pela minha própria experiência profissional, afinal
atendo, todos os meses, dezenas de mulheres que estão enfrentando esta doença e
que, infelizmente, além de terem que lidar com os sintomas do câncer, sentem-se
totalmente desestimuladas ao se olharem no espelho e perceberem que aquilo que
as identifica como mulheres e é crucial para a feminilidade, ou seja, os
cabelos, também vai embora com o decorrer das sessões de “quimio”.
A presença do cabelo é tão simbólica para a concepção de
beleza feminina que resolvi abordar o assunto na minha tese de pós-graduação em
tricologia, na Faculdade Oswaldo Cruz, em São Paulo. Uma das respostas a qual cheguei
para o fato da mulher se sentir fragilizada com a perda dos fios é a
desconstrução de sua imagem, afetada pelos efeitos colaterais do câncer de mama.
A autoimagem começa a ser formada ainda em nossa infância e está profundamente
ligada, não só aos aspectos físicos, mas em conjunto com o nosso lado emocional
e mental.
Isso significa que a partir do
momento que a mulher precisa se submeter a uma quimioterapia, é de se esperar o
abalo psicológico que ela terá ao ficar sem os cabelos. Essa ausência é a
constatação, inclusive para os outros que estão ao redor da paciente, de que
algo não está bem.
Ao contrário de muitas doenças, que
não afetam a aparência e até permitem ao paciente se tratar de forma sigilosa,
o câncer escancara sua existência, confirma o adoecimento. E isso para uma
mulher, que desde tempos remotos da história da humanidade já era cobrada por
sua beleza física, é opressor. Mexe com
a feminilidade.
A mudança na aparência faz com que a
mulher crie barreiras em aceitar sua nova imagem, afinal é cultural que o
gênero feminino exiba sempre cabelos longos e bonitos. Quer um exemplo? Quem
não se lembra da cena clássica da atriz Carolina Dieckmann, na novela “Laços de Família”, do
ano 2000, onde sua personagem Camila ficou aos prantos por ter que raspar as
lindas madeixas, depois de ser diagnosticada com uma leucemia? Embora a
enfermidade não se tratasse de um câncer de mama, a dor que a mocinha sentiu
pela perda dos fios naquela ocasião representa muito bem o sentimento de muitas
pacientes oncológicas.
Cena de “Laços de Família” com Carolina Dieckmann sofrendo
por ter que raspar os cabelos entrou para a história da teledramaturgia e foi usada,
inclusive, em campanhas do governo
Ao terminar minha pesquisa, consegui
comprovar que o uso de algum recurso, como as próteses e perucas, para cobrir a
região sem os cabelos em mulheres com câncer de mama é fundamental para o
enfrentamento deste momento de forma mais confiante. A paciente ganha autoestima
e consequentemente minimiza as chances de ficar deprimida. Ela passa a ter mais
forças na caminhada pela cura.
Veja
o antes e depois de uma cliente em quimioterapia que recorreu à peruca de fibra
sintética: ganho não só na aparência, mas principalmente na autoestima
Cliente em quimioterapia com uma de nossas perucas artesanais
Mas atenção: no caso do câncer de
mama, nunca é demais ressaltar: Esse sofrimento pode ser evitado com medidas
simples. Faça a mamografia anualmente,
se você tiver mais de 50 anos, e nunca abra mão do autoexame. Ele deve ser feito sempre que você se sentir confortável
para tal (no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do
cotidiano). Eu, por exemplo, nunca esqueço de fazer.
Autoexame das
mamas é importante na prevenção do câncer
Diante de qualquer alteração suspeita na mama, como saída
de líquido anormal, alterações no mamilo, pele avermelhada, retraída ou
parecida com uma casca de laranja, não dê bobeira. Comunique imediatamente a
seu médico para que sejam providenciados exames mais específicos. Lembre-se:
com saúde não se brinca. Um abraço e até semana que vem!
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